Contacto
Perdeste a noção do tempo, tal como eu perdi a noção do estar.
Enrolaste-te em mil expressões, mas não sabes dos significados que alimentas.
Sufocaste
Resmungaste
Engasgaste-te...
E por fim soluçaste.
Faz tempo que te alienaste, as horas delimitam sempre esse distanciamento.
E as contas do meu rosário pararam, suplicaram razões, leis, e aí cedi.
Roguei desconhecimentos de sintaxes, mímicas e visionamentos, e abracei-me.
Deslumbrei ténues nostalgias, passados, imagens, situações, e aí comovi-me.
Desencontrei-me da inocência gaiata, e surgiram impurezas e ilusões... e senti-me crescer.
Sonhaste que era poeta, que, nas palavras gravadas na efémera presença do Eu, eras único.
Potenciaste patamares, deliniaste propostas e alcançares.
Amaste atracções, tal como eu em tempos gemia prazeres.
Parecias sentir mais, ouvir mais, sentias tremores nesses breves instantes, e aí sorrias.
Reconhecias os teus próprios olhos na turbulências do fumo e do extâse, tempos...
Apercebi-me
Suspirei
Convenci-me
Que na altura em que senti perder os laços que outrora me conectavam à norma que a mim impus, só queria escorrer uma lágrima.
Agora,
Sufoco
Resmungo
Engasgo-me
E soluço...
Os degraus indicam o caminho, se voltarei... se voltarei... aí só espero encontrar-me.