Imensidões

Há imensidões de nós que na calada da noite são transcendências avulso...

Monday, September 19, 2005

Condições

A condição de se amar.
Há momentos, digamos, circunstâncias em que é necessário repousar.
Abrir os braços, estender o corpo, aconchegar a mente e afagar o coração.
Porque há esses também momentos que se relembram com semânticas e fonéticas, que invadem a minha serenidade diária, e como uma viagem espaço-tempo transportam imensidões.
E eu, eu no fundo nem me cheguei a esquecer de todas essas palavras e sons, a culpa também é minha, não é só desta condição que me quer possuir.
Mas não eu não quero, eu só quero ficar onde e como estava antes. Só isso, não é pedir muito...
Porque não quero silêncios passado rasgados com lágrimas de vidro.
Porque não quero luzes disformes que só encontram forma numa única figura humana.
Não quero cheiros familiares, olhares conhecidos, toques explorados, quando penso no amor no passado. Quero um presente novo.
Porque eu disse que não queria reviver tudo de novo, não queria esta condição novamente.
Mas o corpo também rosna direitos, estabelece regras numa tela que se tarda a denunciar.
E eu gostava de saber lidar melhor com ele, ele parece reagir a palavras soltas, a cumplicidades sonoras. Mas o corpo é só uma materialização de mim que o mundo ditou não é?
Falará ele por mim? Conseguirá ele descer ao mais alto nível de sinceridade e explicar tudo por mim sem eu abrir a boca? Descer ao cerne de mim, à alma de ti.
Eu jurei a mim mesmo que me iria abstrair do amor, como jurei, há loucuras que quero esquecer, momentâneos êxtases que quero apagar. Mas, mas não consigo.
Parece que a única forma é só pensar mais nele, nesse amor que se retarda a abandonar-me e reinvindica mais cantos cá dentro.
E assim eu crio em mim condições que o amor impõe, que contrastam com mil e uma outras condições que vivo, mas que muitas delas acolhe como uma mescla de ares de mel e rosmaninho.
E a condição de amar é saber-se que haverá sempre alguém, que nos poderá observa duma maneira diferente mas nos olha da forma que nós sentimos que o amor olha em nós.
É saber que há alguém que poderá falar com palavras diferentes e dizer o mesmo que o amor diz em nós.
É perceber que haverá alguém por aí que nos toque de maneira diferente mas nos arrepia da mesma forma que o amor em nós arrepia.
É compreender que há definitivamente pessoas aí que sabem guiar-nos por passos diferentes para um mesmo caminho, o caminho que amor é em nós.
Por isso, eu acredito que haverá sempre uma segunda hipótese, uma segunda fuga de Prometeus a Zeus, porque a necessidade e o afecto rogam cá dentro, e eu não sei como não os ouvir...
Só espero que tu um dia também percebas que o amor não se define, que o sexo não se escreve, desenha-se e pinta-se...
O amor é a subjectividade que reina na transcendente imaginação que nos rodeia como ar, quando te beijo.
E o meu corpo anseia uma tela,
A minha alma espera um leito.

3 Comments:

  • At 9:08 AM, Blogger Unknown said…

    Sim Senhor um post e peras com muito para falar adorei acredita, mas quero dizer-te uma coisa que a voz do corpo chega a ser mais forte por vezes que a da mente, por vezes a voz do corpo deixa-nos ficar mal e entrega-nos de uma forma certeira.Pena é que nós n/ deixamos temos a mania de obeceder aos padrões e estragamos tudos.
    Beijokas amigo

     
  • At 10:55 AM, Blogger Walter said…

    Tens um dom qualquer que te leva a gritar as palavras que eu finjo não ouvir!Como se tu me lembrasses de tudo aquilo que quero esquecer.Parece que me deixas mais desprotegido, pois sabes exactamente onde estão as feridas!E agr sei que as tuas palavras me vão seguir por muito tempo!
    mais uma vez, um texto belissimo!Os adjectivos soberbo e fantastico não te fazem justiça!
    um abraço
    walter

     
  • At 9:38 PM, Anonymous Anonymous said…

    É impossível fugir ao amor, se não mantivermos em nós uma tranquilidade adquirida após momentos que nos deixam marcas. Mesmo que consigamos estar em plena felicidade na nossa liberdade não partilhada, as janelas do nosso mundo estão sempre abertas, aguardando uma brisa que faça chover em nós pétalas aveludadas de amores. O coração canta ao corpo as sensações do amor, este contagia a mente e, às vezes, sem darmos por isso, desejamos amar, nem que seja só por um dia, um instante. És uma pessoa linda, terás de desfrutar das delícias do amor, das loucuras do apaixonado e ser tela preenchida pelo arco-íris e o encanto de um pôr do sol!! =) Beijinhos enormes**

     

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