Imensidões

Há imensidões de nós que na calada da noite são transcendências avulso...

Sunday, December 04, 2005

Do Dicionário.

Seduzes a minha imaginação, como quem pinta luares e girassóis na loucura da solidão.
Trazes novas possibilidades, encontros, algarismos, fonéticas, que há muito julgava desencontradas.
Desafias as lógicas do meu dicionário e nem sabes que o fazes.
Construí-o com tanto e podes abaná-lo com tão pouco, um toque, uma palavra, acima de tudo isso, uma palavra, e abanas o chão que eu piso.
Das entradas.
Dos Verbos.
Nomes, Pronomes.
Adjectivos, e Preposições.
Dickens escreveu um dia um livro, chamado: "Grandes Esperanças", já foi adaptado ao cinema, a sua história é simples, mas tão complexa, e se hoje falo do meu dicionário, é porque gostaria de falar do verbo impôr, proibir, sei lá. E a minha recordação ao filme vem mesmo por isso, quem o viu sabe a história, quem não viu eu resumo: Uma rapariga é ensinada por uma senhora idosa, e já um pouco demente por ter sido abandonada no altar há alguns anos atrás, a fazer sofrer os homens, ou seja fazendo-os apaixonarem-se por si, provocando-os, extasiando-os, tudo o possivel e imaginável.
Do verbo impôr a mim mesmo fazer o mesmo...
Da vontade e do querer não partilhar esta vida só comigo, mas com alguém, mas do medo em fazer o que a Estella da imaginação de Dickens fazia...
Do às vezes evitar o toque, porque posso cometer erros, porque chego mesmo a ter efectivamente medo de me apaixonar e isso é tão verdade, tão verdade.
Se a sinceridade pudesse ser materializada eu criava uma fénix das cinzas e mostrava o quanto eu abomino a ideia de me tornar alguém tão frio...
Se a confiança no que somos pudesse ser desconfiada eu rugia em todas as direcções as minhas verdadeiras essências, aquelas que são fragéis, amenas, incapazes de dores alheias.
Do verbo impôr...
Entrada: Atitude de resumir um conjunto de meios próprios que actuam como auto-defesa ou baseados em preconceitos e conceitos sociais, que levam a que haja uma negação de algo, um afastamento; Normalmente com o intuito de se manter uma segurança própria, ou de não querer demonstrar a outrém certas características inerentes ao próprio.
Esta é a entrada no meu dicionário para o verbo impôr;
Porque não quero simplesmente transmitir e continuar a alimentar ideias e ideiais que podem ou não se sentir cá dentro, porque não posso continuar a actuar como uma pessoa normal a quem as coisas mais banais podem existir, porque eu próprio impus a mim mesmo os significados que me guiam; Porque às vezes, e quase sempre as pessoas são diferentes nas díspares maneiras de compreender o amor e a paixão.
E hoje, pelo menos hoje, eu quero-me sentir fora de mim, não quero pensar em entradas em dicionários próprios, quero liberdades e fugazes transcendências de quem comemora amanhã 24 anos de vida.
Hoje... não imponho, vou tentar não impor...
Hoje negligencio todas as semânticas, e significados corporais ou mentais, hoje quero tantar voar como que num filme chinês ao som de flautas...

8 Comments:

  • At 3:56 PM, Anonymous Anonymous said…

    Olhem quem ele é...O meu primo caçula. Epah...sinceramente não sei o que te dizer "puto". Apenas li (por enquanto) o teu último post (o de 27 de Novembro) e fiquei...(n sei que adjectivo escolher)....fiquei....fiquei...Olha...fiquei, pronto!!Chiça!! Adorei!! Desconhecia esta tua faceta. A vida Coimbrã está a fazer-te muito bem. eheeheh Já pensaste editar este teu BLOG em livro? Acho que teria sucesso...e eu apenas li um "cadito"...Agr vou ler o resto...Este comentário era para ser colocado no teu post de 27 de Novembro...mas não deu. Porquê não sei...Inté puto!!Continua!!

     
  • At 7:26 PM, Blogger DT said…

    Grande monólogo amigo Pedro.
    Compreendo a tua abominação relativamente à total ausência de sentimentos limpos, mas não a condeno (refiro-me aqui, não à tua abominação mas sim à total frieza).
    Transpondo isto para uma hipotética vivência real, a vida pode ser muito, muito cruel. E se nos ensinam que a esperança é a última a morrer, o que fazer quando ela efectivamente morre?

    Abraço

     
  • At 9:50 PM, Anonymous Anonymous said…

    Esse filme é lindíssimo!
    Ontem vi outra love story com o nosso querido Ethan Hawke chamada «A neve caindo sobre os cedros» que tem imagens lindíssimas. Já viste?
    Tanto esse como o «Grandes Esperanças» estão no 'Play it Again' com as minhas impressões ;)

    ...E depois de ler as tuas palavras, querido amigo apenas te digo, voa! Como nesses filmes-poema orientais. Abraça a tua Liberdade da forma que melhor te completar.
    Tu que sabes ver a maravilha do mundo, não temas, segue em frente!

    Beijo grande*

     
  • At 10:14 PM, Anonymous Anonymous said…

    Já não sei que diga, como diga, se diga, mas as tuas palavras sempre me encantam e as minhas perdem cor e vida perante as tuas.
    Resta-me o doce silêncio para ouvir as tuas letras.

    Beijo doce

     
  • At 10:51 PM, Anonymous Anonymous said…

    Querido Pedro, não imponhas algo a ti mesmo, não cesses esses vôos que se querem libertar de ti, não temas apaixonar-te seja pelo o que for ou pela pessoa que for... se hoje queres voar livre, amanhã terás o poder para fazer o mesmo, para sentires, viveres as coisas à tua maneira, para não teres esse medo, nem essas imposições que ergues no teu dicionário. Compreendo-te bastante bem, acredita... mas também sei, que por medo de, esquecemos que podemos viver momentos extraordinários e que ficam memorizados na nossa pele nos seus aromas adocicados, numa eternidade sem tempo nem esquecimento. Voa, dança, ri e desfruta de todas as sensações que te envolvem... mereces a felicidade e a tua própria liberdade. Mereces viver a tua própria história, o teu próprio filme. Beijos doces***

     
  • At 6:01 PM, Blogger Blogger said…

    Porque negar ao voração o direito de viver? Porque negar a nós mesmo o direito de amar? Ama, sofre, sê feliz, cái, levanta-te, mas vive. Vive e ama, vive e sê feliz.. N tenhas medo de amar, n tenhas medo de sentir, n tenhas medo de ser feliz.
    Abraço

    Miguel

     
  • At 6:13 PM, Blogger Blogger said…

    Aproveito para te convidar, a ti e a todos os leitores do teu blog, para participarem no concurso literário "histórias de mim". è um concurso de histórias reais ou não, pessoais ou não, em prosa ou em poema, enfim... Há liberdade total para que os participantes possam fazer o melhor possível. No fim haverá um prémio para o vencedor. Conto contigo.

     
  • At 11:28 PM, Blogger Eli said…

    Apetecia-me dizer tanta coisa quando te lia... mas, num comentário fugaz, começo por te dizer em primeiro lugar que o ano em que nasceste é.
    Sim, é.
    Respiro fundo... hoje é um dia perfeito, daqueles do Lou Reed.
    Escreveste sobre medos e errar... Sabes, eu sinto muito medo de errar e de perder simplesmente a possibilidade de realizar sonhos...
    Sinto-me realizada nalgumas partes, mas falta-me a Outra Parte.

    Sei que não tens nada a ver com isto... mas os meus comentários cingem-se a pensamentos que transformo através das teclas aquando a leitura e tu já sabes disso.
    Obrigada pela tua partilha.

    :)

     

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