Imensidões

Há imensidões de nós que na calada da noite são transcendências avulso...

Tuesday, December 13, 2005

Janelas...


Janelas....
Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos,
Mas da realidade nunca soubeste o puro conceito.
Julgavas saber que as cores são o que são, mas o engano sempre fez parte do teu dicionário,
Dançaste valsas e salsas, instrumentais de filmes brutais, deixavas-te sempre ir, no que dizem ser, na onda...
Mas o jogo tinha de parar, as regras de tomar outra definição.
E então acreditaste em janelas, não em portas.
Soubeste sempre que ao se cair por alguma razão levantar-te-ias por outra, mas fiavaste na incredulidade disso.
Encontravas razões, suposições, questões, respostas nas pequenas vicissitudes da vida, e mesmo assim não te chegava,
De ambicioso sempre tiveste a garra de leões, da inicial sensação de David só a sensação duma folha ao vento.
Tornaste-te forte então, soubeste dos múrmurios gastos pelo tempo, corroídos pelos pós seculares, que as grandes histórias se escrevem e se deixam escrever,
Que não é única a forma e o modo de se pronunciar as palavras, de se extasiar com as presenças.
Multiplicidades na cruel maneira de se dizer, fascinações na serena forma de se entender.
Porque sempre houve e haverá as palavras impronunciáveis, proibidas, inconvenientes.
E as janelas, as janelas parecem surgir, como se de brechas numa essência revestida a pele que anseia extragâncias exteriores.
Janelas que se abrem, cortinas que se revelam, paisagens que tomam contrastes. Agora.

13 Comments:

  • At 12:26 PM, Blogger Titá said…

    Adorei este post. Muito intenso, mas com muita sensibilidade.
    As janelas são sempre fugas, simbolos de liberdade e aqui exprimiste bem a leveza de sentimentos que fluem por essas janelas abertas.

     
  • At 1:57 PM, Blogger Martim said…

    E porque é bom haver palavras impronunciáveis...
    As janelas nem sempre são fugas; muitas vezes são subterfúgios, fruto de uma forma de estar divergente mas não necessariamente errada ou deturpada.
    Um post avassalador e com um fio condutor intenso.

    Abraço. Martim

     
  • At 8:00 PM, Blogger Walter said…

    Simplesmente envolvente e fantástico o teu post!Conduz-nos numa frenética viagem por ti e simultaneamente em nós!
    um abraço
    walter

     
  • At 9:44 PM, Blogger Conceição Paulino said…

    destaco estas tuas 2 frases: «Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos,
    Mas da realidade nunca soubeste o puro conceito.» bela síntese de uma forma de olhar a vida, de viver. Bjs e;)

     
  • At 10:24 PM, Blogger Morfeu said…

    A vida, o Amor, as relações jogadas num jogo que deve parar; as regras devem de ser nossas, do nosso “adversário” de ambos e ganhar não interessa apenas… quem consegue transformar essas portas em janelas, sombras em luz, chão em relva...Queremos viver o nosso ideal jogo da vida com apenas alguém…
    Um abraço

     
  • At 1:01 PM, Anonymous Anonymous said…

    Descobri este blog por meio de comen´tário noutro e fiquei maravilhada. Voltarei com mais tempo para poder reler tudo com mais calma. Um beijo na alma.

     
  • At 7:20 PM, Blogger Blogger said…

    Concordo que devemos acreditar sempre em portas e não em janelas... Não digo que as janelas sejam uma fuga, mas considero-as um atalho para chegar a algo. Mas, se os atalhos podem ser uma forma de chegarmos mais depressa algo, não nos permitem conhecer todo um caminho que se apresentava à nossa frente. Seguir por um atalho na vida é criar uma brecha, que mais tarde poderá abater e causar problemas. A vida é para ser vivida, os caminhos para ser percorridos, e as portas para nos levarem "ao próximo nível". As janelas essas... foram feitas para que possamos contemplar as maravilhas do mundo, podendo espreitar o que iremos encontrar quando a porta passarmos.
    Mais um post lindo, cheio de sentimento e emoção. Voltarei. Abraço.

     
  • At 10:08 PM, Blogger Fragmentos Betty Martins said…

    Parabéns pelo teu envolvente texto.

    Vejo
    janelas no vento
    não têm morada certa
    devolvidas
    às circunferências
    do mundo
    sentires
    que correm... correm
    e a memória das janelas
    dançam no ar...


    QUERO DESEJAR

    UMAS FESTAS FELIZES

    COM MUITO AMOR, SAÚDE E MUITA PAZ

    Beijos c/amizade

     
  • At 8:47 PM, Blogger AntropoLógica said…

    "Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos"

    Engraçado, há frases em que tropeçamos precisamente no momento em que elas dizem tudo o que nos vai na alma.

    Parabéns pelo texto e um bj de boa noite. :)

     
  • At 1:00 AM, Blogger DT said…

    Amigo Pedro

    A tua prosa é profundamente poética!
    É sempre um prazer ler-te.

    Deixo-te um abraço e os votos de um Feliz Natal.
    E que os piores momentos de 2006 sejam melhores que os melhores de 2005!

     
  • At 8:39 PM, Anonymous Anonymous said…

    Janelas da alma. Do coração.
    Para voos mais altos, noutro lugar
    Mais perto de nós...

    ... tamanha humanidade...

    *

     
  • At 4:09 PM, Blogger Eli said…

    Arrepias-me!

     
  • At 11:07 AM, Blogger Eu, nos dias de hoje said…

    Venho desejar-te um feliz natal e um fantástico 2006

     

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