Janelas...
Janelas....
Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos,
Mas da realidade nunca soubeste o puro conceito.
Julgavas saber que as cores são o que são, mas o engano sempre fez parte do teu dicionário,
Dançaste valsas e salsas, instrumentais de filmes brutais, deixavas-te sempre ir, no que dizem ser, na onda...
Mas o jogo tinha de parar, as regras de tomar outra definição.
E então acreditaste em janelas, não em portas.
Soubeste sempre que ao se cair por alguma razão levantar-te-ias por outra, mas fiavaste na incredulidade disso.
Encontravas razões, suposições, questões, respostas nas pequenas vicissitudes da vida, e mesmo assim não te chegava,
De ambicioso sempre tiveste a garra de leões, da inicial sensação de David só a sensação duma folha ao vento.
Tornaste-te forte então, soubeste dos múrmurios gastos pelo tempo, corroídos pelos pós seculares, que as grandes histórias se escrevem e se deixam escrever,
Que não é única a forma e o modo de se pronunciar as palavras, de se extasiar com as presenças.
Multiplicidades na cruel maneira de se dizer, fascinações na serena forma de se entender.
Porque sempre houve e haverá as palavras impronunciáveis, proibidas, inconvenientes.
E as janelas, as janelas parecem surgir, como se de brechas numa essência revestida a pele que anseia extragâncias exteriores.
Janelas que se abrem, cortinas que se revelam, paisagens que tomam contrastes. Agora.
13 Comments:
At 12:26 PM, Titá said…
Adorei este post. Muito intenso, mas com muita sensibilidade.
As janelas são sempre fugas, simbolos de liberdade e aqui exprimiste bem a leveza de sentimentos que fluem por essas janelas abertas.
At 1:57 PM, Martim said…
E porque é bom haver palavras impronunciáveis...
As janelas nem sempre são fugas; muitas vezes são subterfúgios, fruto de uma forma de estar divergente mas não necessariamente errada ou deturpada.
Um post avassalador e com um fio condutor intenso.
Abraço. Martim
At 8:00 PM, Walter said…
Simplesmente envolvente e fantástico o teu post!Conduz-nos numa frenética viagem por ti e simultaneamente em nós!
um abraço
walter
At 9:44 PM, Conceição Paulino said…
destaco estas tuas 2 frases: «Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos,
Mas da realidade nunca soubeste o puro conceito.» bela síntese de uma forma de olhar a vida, de viver. Bjs e;)
At 10:24 PM, Morfeu said…
A vida, o Amor, as relações jogadas num jogo que deve parar; as regras devem de ser nossas, do nosso “adversário” de ambos e ganhar não interessa apenas… quem consegue transformar essas portas em janelas, sombras em luz, chão em relva...Queremos viver o nosso ideal jogo da vida com apenas alguém…
Um abraço
At 1:01 PM, Anonymous said…
Descobri este blog por meio de comen´tário noutro e fiquei maravilhada. Voltarei com mais tempo para poder reler tudo com mais calma. Um beijo na alma.
At 7:20 PM, Blogger said…
Concordo que devemos acreditar sempre em portas e não em janelas... Não digo que as janelas sejam uma fuga, mas considero-as um atalho para chegar a algo. Mas, se os atalhos podem ser uma forma de chegarmos mais depressa algo, não nos permitem conhecer todo um caminho que se apresentava à nossa frente. Seguir por um atalho na vida é criar uma brecha, que mais tarde poderá abater e causar problemas. A vida é para ser vivida, os caminhos para ser percorridos, e as portas para nos levarem "ao próximo nível". As janelas essas... foram feitas para que possamos contemplar as maravilhas do mundo, podendo espreitar o que iremos encontrar quando a porta passarmos.
Mais um post lindo, cheio de sentimento e emoção. Voltarei. Abraço.
At 10:08 PM, Fragmentos Betty Martins said…
Parabéns pelo teu envolvente texto.
Vejo
janelas no vento
não têm morada certa
devolvidas
às circunferências
do mundo
sentires
que correm... correm
e a memória das janelas
dançam no ar...
QUERO DESEJAR
UMAS FESTAS FELIZES
COM MUITO AMOR, SAÚDE E MUITA PAZ
Beijos c/amizade
At 8:47 PM, AntropoLógica said…
"Incendeias a vela já ardida em busca de pavios desconhecidos"
Engraçado, há frases em que tropeçamos precisamente no momento em que elas dizem tudo o que nos vai na alma.
Parabéns pelo texto e um bj de boa noite. :)
At 1:00 AM, DT said…
Amigo Pedro
A tua prosa é profundamente poética!
É sempre um prazer ler-te.
Deixo-te um abraço e os votos de um Feliz Natal.
E que os piores momentos de 2006 sejam melhores que os melhores de 2005!
At 8:39 PM, Anonymous said…
Janelas da alma. Do coração.
Para voos mais altos, noutro lugar
Mais perto de nós...
... tamanha humanidade...
*
At 4:09 PM, Eli said…
Arrepias-me!
At 11:07 AM, Eu, nos dias de hoje said…
Venho desejar-te um feliz natal e um fantástico 2006
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